Quando o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, concedeu voto favorável à derrocada do diploma de jornalista, no final da tarde do dia 17, percebi que perdi mais de uma década de investimentos numa profissão que está sendo proletarizada. Diante dos 8 votos a 1 e do sarcasmo de Mendes comparando a formação do profissional como a de um culinarista, penso que um homem considerado de alto nível intelectual não percebeu que estaria colaborando com o retrocesso da informação. Nos bancos escolares das instituições de ensino superior, o que mais se aprende é ética e legislação. Ou seja, o jornalista sabe o que fazer com a informação.
Os aclamados profissionais, que abraçaram a carreira muito antes da obrigatoriedade do diploma continuarão em seus postos editoriais nos grandes jornais. Mas para quem investiu na formação e ainda luta por uma tão concorrida vaga no mercado de trabalho, a decisão do STF derrubou os sonhos de muitos jovens e calou de forma opressora os profissionais que diariamente “brigam” pela qualidade do conteúdo editorial e são favoráveis a ética.
Os maiores assassinatos da Língua Portuguesa, as atrocidades e os abusos cometidos dentro de muitos veículos de comunicação, são geralmente cometidos por quem se intitula jornalista, mas sequer aproveitou a geração digital para ler o Código de Ética, que rege a profissão.
Desde 1998, já ouvia falar sobre a derrubada do diploma, mas nunca acreditei que um dia isso aconteceria. Afinal, o jornalista deve ter total responsabilidade pela informação que repassa ao leitor, ouvinte ou telespectador. Qualquer irresponsabilidade nas linhas, torna o jornalista e o veículo passíveis de irem a julgamento judicial. Por esta razão, em países onde a obrigatoriedade do diploma não existe, as instituições sérias fazem questão de contratar profissionais para não terem que pagar a conta das altas indenizações provocadas pela irresponsabilidade no trato com a informação.
Mendes chegou a argumentar que o diploma foi criado na época da ditadura e, desta forma, fere a Constituição Federal. Curioso: o documento também fala da construção de uma sociedade livre, justa e solidária, que depende da erradicação da pobreza, da marginalização e redução das desigualdades sociais. E quem viu os ministros do Supremo se utilizarem desses argumentos para questões mais pertinentes presentes no artigo 1º da Constituição?
Para quem ainda acredita que o diploma não é necessário ao exercício da profissão, então vá se consultar com um engenheiro numa clínica médica. Ou pergunte para o gari como entrar com um processo na justiça.
Os veículos de comunicação sempre abriram espaço para demais profissionais. Os colaboradores são grande prova disso. Basta abrir a segunda página do jornal e lá estão os textos técnicos e artigos opinativos escritos por muitos profissionais liberais com livre escolha de temas, diferente do repórter, que consegue capturar o essencial do especialista e torna acessível esse conhecimento aos leigos e interessados.
Os “jornalistas” de plantão que me desculpem, mas o diploma é fundamental à carreira!
Luciane Teixeira Salles - jornalista diplomada
Dia 18 de junho de 2009
Os “jornalistas” de plantão que me desculpem, mas o diploma é fundamental à carreira!
Postado por
Bruno Rocha
sexta-feira, 24 de julho de 2009
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