Desmate ''Formiga'' ameaça litoral

De longe, a vegetação parece intacta, mas basta percorrer a área para ver o que as imagens de satélite não alcançam

Afra Balazina - O Estadao de S.Paulo

O desmatamento "formiga" - que come a mata de pouco em pouco, muitas vezes passa despercebido e não aparece nas imagens de satélite - é o maior inimigo do litoral norte de São Paulo. Os quatro municípios que compõem a região estão em boa posição no levantamento mais recente de vegetação nativa do Estado, indo da 1.ª posição (Ubatuba) até a 12.ª (Caraguatatuba). Porém, quando se percorre a área, o cenário é outro.

Há desde casas nobres pipocando onde antes só havia Mata Atlântica preservada até ocupações irregulares crescendo na Serra do Mar. Em Ilhabela, áreas mais afastadas da praia, que só abrigavam árvores, começam a dividir o espaço com imóveis de alto padrão - a região chamada de Tesouro da Colina é um exemplo. Em certos pontos da ilha é impossível enxergar a estrada em meio ao verde, mas residências aparecem em pequenos buracos, em áreas onde os turistas normalmente não chegam. Diversos topos de morros - que, pela lei ambiental, são Áreas de Preservação Permanente (APP) e, por isso, intocáveis - estão ocupados.

Os proprietários, criativos, também encontram brechas na lei para construir aberrações. Em Ilhabela, os imóveis podem ter, no máximo, dois andares e uma altura de oito metros. Porém, uma casa no bairro de Borrifos que ficou embargada por um período, mas está em obras novamente, lembra um prédio: tem quatro andares.

O prefeito da cidade, Antonio Colucci (PPS), explica a saída do dono: a construção foi feita em forma de leque e uma escada em forma de caracol liga as duas construções - os dois andares superiores não estão sobrepostos aos demais.

"A luta é incessante. As pessoas querem sempre mais, há um grave problema de cidadania. E, muitas vezes, existe conluio com o poder público para aprovar certos projetos", afirma Jacow Grajew, do Movimento Nossa Ilha Mais Bela e do Instituto Ilhabela Sustentável. Segundo ele, a proximidade com uma grande metrópole como São Paulo faz com que a pressão de ocupação seja grande. Para mostrar os problemas enfrentados no município foi feito o vídeo Paraíso Ameaçado, que pode ser visto na internet (http://www.youtube.com/watch?v=MmJyEQWmd74).

Em São Sebastião, algumas obras começam a interferir em cartões postais. Uma casa em construção em uma encosta, por exemplo, obstrui parte da vista do mirante de onde se pode observar a praia de Juqueí, irritando quem chega para fotografar o local. No município, a altura máxima permitida para construção é de nove metros.

Mata adentro. Na rodovia Rio-Santos, de um lado fica a praia Barra do Sahy e, do outro, um loteamento precário. As moradias estão em um terreno inclinado e as obras não param. Na segunda-feira, a reportagem do Estado presenciou a construção de novas casas. Os moradores contam que os valores dos terrenos variam de R$ 17 mil a R$ 20 mil.

"Ninguém aqui tem escritura. Existe no máximo recibo de compra e venda", afirma um deles. O ex-zelador Wilson, de 40 anos, que preferiu não informar o sobrenome, erguia sua casa em um dos pontos mais altos da vila. "Se chover muito pode desmoronar. Mas, se a gente for morar no baixo, tem alagamento", afirma. Segundo ele, que nasceu na Bahia e está há 20 anos no litoral paulista, se houvesse opção, iria para outro lugar. "Eu até gostaria que o prefeito tirasse a gente daqui, colocasse em outro local e replantasse tudo. Mas o problema é que eles sempre querem nos colocar naqueles cubículos onde não cabe uma família", argumenta ele, que vive com a mulher e mais dois filhos.

Em Toque Toque Grande, a mesma cena do Sahy: casinhas sobem pela mata e estão cada vez mais perto de uma cachoeira. É inevitável lembrar dos bairros Cota em Cubatão, que surgiram na Serra do Mar ao lado da rodovia Anchieta, a partir dos anos 1940, degradando a mata. Os primeiros moradores trabalharam na construção da rodovia e foram ficando no local. Parentes se juntaram e, mais tarde, famílias que alegavam não conseguir mais pagar o aluguel. O agravante era que, nesse caso, grande parte das construções ficava dentro do Parque Estadual da Serra do Mar.

Agora, o governo estadual começou a retirar as famílias desses bairros. No total, 5.350 famílias de seis áreas serão removidas e transferidas para áreas urbanizadas. Entretanto, o dano ambiental já causado demorará para ser recuperado.

Eduardo Nunes, coordenador operacional das associações de amigos da Barra do Sahy (Sabs) e da praia da Baleia (Sabaleia), reclama da falta de fiscalização do governo em São Sebastião. Segundo ele, a ocupação na Baleia é mais pulverizada e difícil de enxergar. "Diferentemente da Vila Sahy, onde as famílias pegaram a beirada da estrada e foram subindo, na Baleia elas não ficam concentradas no mesmo lugar", conta. Na área, um piloto de paramotor (espécie de paraquedas motorizado) é pago pelas entidades de amigos de bairro para fiscalizar as invasões.

Fonte: Estadão.com.br

Adequações para Garagens Náuticas - Projeto Marinas

A Construfer Engenharia é uma empresa localizada no Vale do Paraíba, na cidade de Guaratinguetá/SP, na Av. Professor João Rodrigues Alckmin, 515 – Beira Rio, telefone (12) 31251317 / (12) 31253235 / (12) 3126-2790, com atuação no Litoral Norte Paulista.

Nossa empresa possui uma equipe extremamente técnica, formada por engenheiros civis, ambientais, mecânico, técnico de segurança e pessoal operacional. Possuímos formação e capacitação para os serviços descritos a seguir: controle de Passivos Ambientais e Monitoramento em Postos de Combustíveis, adequação do piso para Garagens de Ônibus e agora com o Projeto Marinas da CETESB em atendimento ao Programa Onda Limpa do Governo do Estado.

Trabalhamos com planejamento para obtenção das Licenças, Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO) e Outorgas junto aos órgãos ambientais competentes, referidas licenças são necessárias para que seja procedido a instalação de tanques de armazenamento aéreo e subterrâneo, regularização e desembargos ambientais - apoio técnico administrativo.

A empresa, em conformidades com as leis ambientais, alcança resultados de descontaminação dos solos e mitigação ambiental, estas, promovem a perenidade dos recursos em volta dos aspectos ambientais influenciados pelas atividades de efeitos impactantes.

O objetivo principal é a qualidade ambiental, com a manutenção dos ecossistemas costeiros. Atuamos no âmbito administrativo para atender as exigências técnicas das Políticas de Meio Ambiente, bem como o funcionamento das atividades consideradas potencialmente poluidoras. A empresa possui certificação do INMETRO, para SASC – Sistema de Abastecimento Subterrâneo de Combustível, que compreende conjunto de tanques, tubulações e acessórios, interligados e enterrados, trabalhamos com o Sistema de Qualidade para melhor atendermos, e o nosso foco é atender aos clientes e as leis ambientais vigentes.

Seminário em Ilhabela discutirá processo de Licenciamento Ambiental

O Centro de Experimentação em Desenvolvimento Sustentável do Litoral Norte (CEDS), uma parceria entre a Universidade Católica de Santos, o ReaLNorte (colegiado com 12 entidades ambientalistas) e a Petrobras, promove no dia 16 de abril o seminário de Licenciamento Ambiental, em Ilhabela.



O objetivo é promover o encontro de lideranças dos setores de licenciamento nos níveis federal, estadual e municipal, para a troca de experiências e desafios, com vistas à integração, à melhoria da qualidade ambiental, agilidade e aperfeiçoamento do sistema.



O seminário irá aproveitar o momento vivido pelo litoral norte Paulista em relação aos atuais licenciamentos ambientais de porte, notadamente por conta da Base de Mexilhão e o complexo da Unidade de Tratamento de Gás e do Porto de São Sebastião (licenciamentos do IBAMA), além do túnel da Petrobras para transporte do composto C5+, as obras dos contornos rodoviários de Caraguatatuba e São Sebastião e a ampliação da rodovia dos Tamoios (licenciamentos estaduais), para discutir os destinos do licenciamento com foco no seu aperfeiçoamento.



Além disso, as recentes alterações na CETESB, com a unificação das agências e a análise dos órgãos licenciadores municipais e estaduais sobre a aplicabilidade do Zoneamento Ecológico Econômico do Litoral Norte (Decreto Estadual n. 49.215/04), afigura-se importante para traçar um quadro atual no setor e projetar diretrizes para uma desejável integração.



As apresentações durante o evento irão focar situações nas quais processos de licenciamento se mostram imperfeitos sob a ótica da sustentabilidade de modo a propiciar o debate que poderá abordar:

- Destinação (uso) da compensação ambiental

- Dificuldade no licenciamento de novas tecnologias menos impactantes

- Tempo do processo de licenciamento: falta de planejamento em níveis municipais, estaduais, federais; utilização do processo de licenciamento como ferramenta para o suprimento da falta de planejamento.



O evento tem como público alvo alunos do MBA em Negócios da Sustentabilidade, representantes da sociedade civil organizada, das instituições de ensino locais, consultores, Câmaras Municipais, Prefeituras e demais órgãos licenciadores, além de membros da comunidade.



O resultado do seminário subsidiará a elaboração de um relatório final com vistas ao aperfeiçoamento do processo de licenciamento ambiental. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas no dia do evento, no local.





SERVIÇO:

Seminário de Licenciamento Ambiental
Dia: 16 de abril de 2010.
Horário: 9h às 18h.
Local: IlhaFlat Hotel – Av. Princesa Isabel, nº 747 - Praia do Pereque, Ilhabela, SP.

Visões do Lixo

A foto abaixo veio do projeto Geenstijl e apresenta fotos em alta resolução. Como eles mesmos dizem é uma celebração do jornalismo mundial. Vale a pena checar o Geenstijl para ver o restante das fotos.

É de chocar a situação de diversos lugares ao redor do mundo e perceber a relação dos seres humanos com os objetos de consumo e o descarte de resíduos.

Sabesp comemora Dia Mundial da Água desenvolvendo Plano de Segurança da Água

O PSA é um instrumento para preservar as bacias do Litoral Norte e garantir a qualidade da água para o futuro

O Plano de Segurança da Água (PSA) é uma metodologia científica aceita internacionalmente, que aborda os riscos associados a qualquer fase do abastecimento desde o processo da captação até a torneira do consumidor.

A prática é uma recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a qualidade da água de consumo humano, que publicou um estudo, cuja recomendação é que as empresas concessionárias de sistemas de abastecimento público desenvolvam planos de segurança para garantir a qualidade da água, incorporando metodologias de avaliação e gestão de risco.

Segundo dados da Sabesp, o PSA é um instrumento para identificar e avaliar os riscos, propõe medidas de controle, monitoramento e soluções. Aplica-se a todos os mananciais usados por captação, quer seja água de superfície ou subterrânea. No Litoral Norte, o plano piloto será aplicado no manancial Baixo Rio Claro, que fica nas proximidades da Estrada Intermediária, no bairro Porto Novo, em Caraguatatuba. De acordo com informações da gerência da Divisão de Controle Sanitário da Sabesp no Litoral Norte, este é o mais complexo da região porque possui uma estrada que corta o manancial em toda a sua extensão, tem linhas de oleoduto na bacia, atividades agrícolas, presídio, invasão de áreas de preservação bastante intensa, entre outros conflitos no entorno desta bacia.

A Sabesp está em fase preliminar do PSA com a constituição das equipes de execução dos trabalhos; a descrição do sistema de abastecimento de água e a construção da metodologia de cumprimento das etapas, em que uma das fases é a identificação dos riscos que o manancial está exposto.

Os mananciais de serra existentes no Litoral Norte com bacias inclinadas e florestas relativamente preservadas ainda estão protegidos pela legislação, mas podem correr riscos por causa das alterações climáticas, explica o superintendente regional da Sabesp, José Bosco Fernandes de Castro.

“O Plano de Segurança da Água servirá como subsídio às políticas de proteção ambiental na gestão dos recursos hídricos, já que pode envolver, num segundo momento, a participação do poder público, entidades, sociedade civil e empresas”, revela o superintendente regional, que pretende convidar os demais atores neste processo. De acordo com ele, mesmo obedecendo as legislações direcionadas às captações (Conama 357) e do controle da qualidade da água (Portaria 518) do Ministério da Saúde, a Sabesp quer garantir água segura para o futuro.

“Estudos feitos pela Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), demonstram que os mananciais da região garantem abastecimento para até 2 milhões de pessoas, mas em virtude do crescimento médio de 6% ao ano (dados do IBGE) e a atração de novos negócios com os atuais investimentos para o Litoral Norte, torna-se necessário pensar num Plano de Segurança da Água agora. No Dia Mundial da Água, a Sabesp deseja que o bem mais precioso do planeta, a água, seja preservada”, finaliza Bosco.

Fonte: Assessoria de Imprensa Sabesp, desenvolvido por Luciane Teixeira

Impactos socioambientais das mudanças climáticas no litoral paulista

Por Fernanda Vasconcelos
19/03/2010

Um grupo de cientistas da Unicamp está estudando as consequências das mudanças climáticas no litoral de São Paulo. Iniciado em 2009 e com duração prevista de quatro anos, o projeto “Crescimento urbano, vulnerabilidade e adaptação: dimensões sociais e ecológicas das mudanças climáticas no litoral de São Paulo” se desenvolve enquanto diversos empreendimentos de grande porte continuam sendo implementados ou planejados para a região.

Entre os temas abordados pelo estudo estão as questões espaciais e demográficas que irão condicionar a adaptação das populações costeiras às mudanças climáticas, os conflitos sociais em relação ao uso de recursos naturais, a atuação de governantes locais e regionais e os impactos na biodiversidade. A equipe do projeto é formada por cientistas de diversas áreas, entre eles demógrafos, cientistas sociais, biólogos e ecólogos. São pesquisadores e alunos do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) e do Núcleo de Estudos de População (Nepo), ambos da Unicamp, além de colaboradores de outras instituições, sob a coordenação geral de Daniel Hogan, pesquisador do Nepo e do Nepam.

Os cientistas dos dois núcleos de pesquisa têm anos de experiência em estudos na região do litoral paulista. “Mas, na área de mudanças ambientais globais, é a primeira grande pesquisa empírica que nós vamos fazer”, conta a pesquisadora Leila da Costa Ferreira, do Nepam. O estudo é parte do Programa Fapesp de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais, que reúne outros nove projetos. “Somos dez grandes grupos de pesquisa analisando a questão das mudanças climáticas. Isso não é fácil em qualquer lugar do mundo. Do ponto de vista da política científica, institucional, vai ser um impacto muito grande”, avalia Leila Ferreira, que coordena o componente do projeto responsável pelo estudo das políticas públicas relacionadas às mudanças ambientais globais.

Quinze municípios do litoral de São Paulo, além de Cubatão, estão sendo estudados pela equipe da Unicamp. A região de Caraguatatuba concentrará boa parte das pesquisas, porque é para ela que estão sendo planejados empreendimentos como o Centro Integrado de Tratamento de Resíduos Sólidos, a Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba, o Gasoduto Caraguatatuba-Taubaté, a ampliação do porto de São Sebastião e a duplicação da rodovia Tamoios.

“O impacto dessas grandes obras, em termos de opinião pública, dos moradores locais, é impressionante”, conta Lúcia da Costa Ferreira, do Nepam, coordenadora da equipe que analisará questões ligadas aos conflitos entre expansão urbana e cobertura florestal. Para a pesquisadora, as populações de Caraguatatuba, Ubatuba e São Sebastião têm consciência da dimensão dos empreendimentos, ainda que não haja consenso sobre seus impactos. Entre as preocupações está a possibilidade de perda da vocação turística da região, principalmente em Caraguatatuba. “Por isso, o projeto foi muito bem-vindo. Não estamos levando a eles um tema. Estamos compartilhando um tema que pra eles é premente”, argumenta Lúcia Ferreira. Ela lembra que a região tem uma longa trajetória de mobilização política.

O pesquisador Roberto do Carmo, do Nepo, membro da equipe voltada ao estudo de questões demográficas, aponta outro aspecto da análise de impacto dos empreendimentos, relacionado ao potencial de geração de empregos. Carmo lembra que as obras de construção civil absorvem grande quantidade de mão de obra não-qualificada, que acaba como excedente. “É uma situação bastante complexa e que temos visto com frequência no Brasil. As pessoas chegam, se instalam, trabalham e, quando acaba aquela construção, não conseguem uma inserção mais definitiva. Isso gera uma série de dificuldades para as pessoas e para a cidade, que muitas vezes não consegue se estruturar pra recebê-las”, argumenta Carmo.

De acordo com o projeto, os investimentos em infra-estrutura ligados à extração e transporte de petróleo e gás vão condicionar as medidas de mitigação, as vulnerabilidades socioambientais e ecológicas e as respostas adaptativas às mudanças climáticas. Mitigação, vulnerabilidade e adaptação, além dos ricos, são conceitos que permeiam as discussões sobre o tema, como explica Carmo. O pesquisador aponta que a mitigação esteve em evidência na cobertura da Conferência do Clima (COP-15), com a discussão do que fazer em relação às emissões CO2 frente ao aquecimento global. “É um tipo de discussão importante, mas no qual a questão da organização do sistema produtivo acaba se sobressaindo sobre os outros elementos que talvez sejam mais importantes, relacionados com a dinâmica social: riscos, vulnerabilidade e adaptação”, explica Carmo. “É importante pensar na mitigação, mas isso não leva em conta que já existe uma situação hoje em que esses eventos extremos e outros fenômenos, como os riscos decorrentes da elevação do nível do mar, por exemplo, já estão tendo impacto sobre a população”, completa o pesquisador.

É importante identificar as situações de risco e os grupos populacionais que as vivenciam, a vulnerabilidade desses grupos e os recursos que podem mobilizar para enfrentá-los. “É preciso começar a pensar também em adaptação; em como a sociedade, os grupos sociais, os indivíduos vão se adaptar a essa nova realidade; em qual conjunto de políticas públicas vai ser importante pra que esses grupos sociais possam se adaptar”, defende Carmo.

O estudo da Unicamp vai definir áreas prioritárias para a análise da vulnerabilidade, que Carmo lembra estar relacionada não só à exposição aos riscos, mas à capacidade de resposta a eles. “Não é só a questão da elevação do nível do mar, mas é como as pessoas ou grupos sociais estão organizados ou que tipo de ativos sociais e econômicos possuem para enfrentar esses riscos. Pode ser que populações expostas aos mesmos riscos, com a mesma condição econômica, venham a ser mais ou menos vulneráveis em decorrência dos ativos não só econômicos, mas de acesso a políticas públicas, organização social”, argumenta o pesquisador.

Para Leila Ferreira, a questão das mudanças climáticas globais tem diferentes dimensões e, nesse contexto, as ciências do clima têm tido um avanço maior do que as áreas voltadas às dimensões humanas. “Quando se analisa isso internacionalmente, é gritante. Não só do ponto de vista do número de cientistas na área das ciências do clima e na das dimensões humanas, mas em termos de verba”, argumenta a pesquisadora, que defende a integração entre as ciências naturais e as sociais na análise do tema. “O que pretendemos fazer é pensar as dimensões humanas do ponto de vista dos conflitos sociais, das políticas públicas, da dinâmica demográfica e da biodiversidade. Pensar mudanças climáticas nas suas diferentes dimensões, focando as dimensões humanas”, argumenta Leila Ferreira.

Lúcia Ferreira, do Nepam, afirma que tanto as ciências ecológicas quanto as sociais possuem dimensões próprias, mas há, entre elas, a região de interface dos sistemas socioecológicos. “É sobre isso que nós vamos falar. Há uma interface, que a gente costuma chamar de lugar do uso de recursos, que não pode ser olhada só sob o ponto de vista da sociedade ou sob o ponto de vista dos sistemas biológicos. Uso de recursos é o nosso diferencial”, defende.

A equipe do projeto trabalha com a perspectiva de que as previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) estão, de maneira geral, corretas. Para Carlos Alfredo Joly, pesquisador do Instituto de Biologia da Unicamp e do Nepam, a queda de credibilidade do IPCC é, em parte, resultado de interesses econômicos. “Como em todos os trabalhos de síntese em que se usa uma base muito ampla, pode-se ter erros, mas são pontuais. No geral, eles são altamente confiáveis e as diretrizes, as grandes conclusões, têm base científica para suportar”, avalia o pesquisador. Joly coordena a equipe que analisará impactos na biodiversidade.

Ele lembra que não há dados históricos para a região que permitam avaliar se as mudanças estão acontecendo. Sistemas de medida estão sendo implantados em um momento em que essas alterações podem já estar ocorrendo. Para Joly, antes que inundações de áreas costeiras sejam percebidas, serão notadas alterações no sistema de saneamento. Com mudanças no nível do mar e na pressão da coluna de água, é provável que alguns dos emissários submarinos que hoje jogam esgoto a alguns quilômetros da costa passem por um processo de reversão. Há, ainda, a possibilidade de salinização de pontos de captação de água para as cidades.

Para a equipe do projeto, as incertezas em relação às mudanças climáticas fazem parte da pesquisa em geral. “Nenhum tema científico, intelectual, no meu ponto de vista, não tem o campo da incerteza, da dúvida”, defende Leila Ferreira, do Nepam. “É um tema polêmico, controverso, mas como qualquer outro tema da ciência. Quanto mais pesquisa a gente fizer e quanto mais estudos desenvolver, melhor e maior será a polêmica”, completa a pesquisadora.

Jogo que ensina processos ecológicos evolutivos

Professores de quatro universidades criaram o jogo eletrônico Calangos baseado na modelagem de um caso ecológico real relativo às Dunas do Médio São Francisco, no estado da Bahia.

Calangos é um jogo de simulação e ação com visualização 3D em primeira ou terceira pessoa, no qual o jogador controla um lagarto de uma entre três das espécies da região.

O jogo permite aos estudantes um ambiente realista e a compreensão de processos ecológicos e evolutivos. Calangos deve funcionar como ferramenta de apoio ao ensino e aprendizagem de ecologia e evolução no nível médio de escolaridade.

A pesquisa é fruto de parceria entre a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Universidade Federal da Bahia (Ufba), Universidade Católica de Santos (Unisantos) e Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo.

O público pode conhecer e fazer o download de Calangos na download

Depois do Litoral Norte, Projeto Marinas chega à Baixada Santista

DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA SMA-SP

Atendendo a demanda da Área de Proteção Ambiental (APA) Marinha Litoral Centro, este ano foi oficialmente implantado o Projeto Marinas na Baixada Santista. Ele está incluído nas ações de gestão do projeto estratégico Onda Limpa, que faz parte dos 21 projetos estratégicos da Secretaria do Meio Ambiente – SMA.

O objetivo do projeto é controlar potenciais fontes de poluição causadas pelo segmento náutico (marinas, garagens náuticas, iate clubes e outras instalações de apoio náutico). Ele possibilita a gestão integrada entre Estado e município, além de envolver de forma participativa todos os atores envolvidos na atividade náutica.

Iniciado em 2005 em Ubatuba, Caraguatatuba, Ilhabela e São Sebastião, além do controle da poluição, procura garantir adequações ambiental das instalações e procedimentos em atividades de apoio náutico, oficinas de educação ambiental e conscientização dos setores de turismo e pesca, com a adoção de medidas ecologicamente adequadas. Existe também um sistema de certificação ambiental das empresas que atenderem aos padrões oferecidos pela SMA.



Marina do Saco da Ribeira Ubatuba SP

Os principais problemas detectados nos anos anteriores no litoral norte incluem reforma e fabricação de embarcações sem licença da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – Cetesb, gerando resíduo tóxico; pintura a céu aberto sem uso de Equipamento Individual de Proteção-EPI, lavagem e manutenção de barcos com produtos tóxicos drenando para o mar; ausência de separador de água e óleo em oficinas e áreas de manutenção; embarcações sem estrutura sanitária adequada, que lançam dejetos diretamente na água; armazenamento inadequado de produtos oleosos, como combustível, tintas e resinas, entre outros.

Já foi feita a capacitação dos fiscais das prefeituras de oito cidades da Baixada Santista. As vistorias já estão acontecendo. O treinamento e a estrutura técnica foram oferecidos pela Agência de Ubatuba, com apoio da APA Centro. Em, 2009 o Projeto Marinas capacitou mais de 600 pessoas no litoral norte, com diversos cursos sobre biologia e ecologia marinha, poluição marinha, para pescadores, segmentos náuticos, ongs e sociedade organizada.

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